O desapego na visão budista é uma das causas do sofrimento. Em contrapartida, a sociedade capitalista estimula o apego, na medida em que valoriza o aspecto material.
O ter é um dos sinais de poder e de sucesso. O consumo é incentivado excessivamente e com frequência as pessoas colocam os objetos materiais como causas de felicidade. Acrescido a isto, os pronomes possessivos que são bastante utilizados e que sinalizam o individualismo predominante no tempo atual. A possessividade inicia-se em relação às pessoas, especialmente nas interações afetivo-sexuais.
Muitas pessoas colocam-se como donas umas das outras. É comum escutarmos a pergunta: E ele ou ela deixa? , referindo-se aos maridos ou as mulheres.
A possessividade gera o apego e se estende para todas as relações, sem falar na insaciabilidade consumista. Quanto mais se tem, mais se quer.
Ganhar cada vez mais e não perder nunca. E assim, as pessoas seguem e sofrem desnecessariamente sem se darem conta que a perda é inevitável, das pessoas e dos objetos.
Durante a vida não tem nenhum problema de adquirirmos o que nos for possível, mas sem nos aprisionar ao material, sem guardar obstinadamente para não gastar, sem avareza. Deixar a moeda circular e entender que na hora da morte a única coisa que conta é o bem que fizemos, é a paz de espírito, é o desenvolvimento espiritual, é saber que valeu a pena viver com amor e se entregar aos mistérios da morte.
grace@libertas.com.br
Publicado em 17.05.2009, às 17h56 pelo link: http://jc.uol.com.br/coluna/olhar-interior/noticia/2009/05/17/desapego-187845.php
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